A produção de chapéus, artigos de selaria e artefatos em couro também representa ocupação produtiva a reeducandos de Mato Grosso do Sul. Por meio de parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a empresa Karandá, detentos de unidades penais em São Gabriel do Oeste, Coxim e Campo Grande garantem remição na pena com labor digno e remunerado, que representa uma oportunidade a mais de ressocialização.
Atualmente são 23 reeducandos distribuídos em três presídios que contribuem com o processo de produção da empresa Karandá, com a confecção de cerca de 45,6 mil itens registrada no mês de setembro. Pelos serviços, além de remição de um dia na pena a cada três trabalhados, os internos têm direito ao pagamento de 3/4 do salário mínimo mensal, de acordo com o que estabelece a Lei de Execução Penal (LEP).
“Além da abundância da mão de obra e menor custo de produção, estamos contribuindo com o processo de reintegração dessas pessoas à sociedade”, destaca o diretor da empresa, Mariano Alcarás Filho, ressaltando também o apoio dos diretores e servidores penitenciários, além do entendimento por parte dos detentos.
No Centro de Triagem Anísio Lima (CT), na capital, onde o trabalho é desenvolvido desde 2016, a oficina representou um marco para o local, já que foi a primeira instituída por meio de parceria com empresas. No CT, são confeccionados copos, canecas, guampas e cantis, dentre outros materiais. No mês passado, a produção registrada foi de cerca de 4,6 mil itens, com oito detentos trabalhando.
O sucesso da experiência motivou a empresa, cuja sede é na cidade de Rio Verde, a expandir suas frentes de produção para unidades prisionais da região. Primeiro foi o Estabelecimento Penal Masculino de Regime Fechado de Coxim, no ano passado, e depois o presídio feminino de São Gabriel do Oeste, há cinco meses.
Com um total de mais de 32 mil peças confeccionadas apenas no mês de setembro, conforme levantamento da Karandá, 12 reeducandos atuam em Coxim. No local a produção é focada na montagem e acabamento de chapéus, mas também eles trabalham na confecção de outros artefatos em couro, como calças para montaria.
No Estabelecimento Penal Feminino de São Gabriel do Oeste (EPFSGO), três internas trabalham na confecção de chapéus. Com apoio de duas máquinas de costura, elas têm produzido mensalmente mais de 9 mil peças.
“Os chapéus chegam com copa e aba sem acabamento e aqui elas fazem a colocação de arames na borda da aba, costuram e fazem os recortes de acabamentos”, explica o diretor do EPFSGO, Albino Gonçalves Lima.
Segundo o dirigente, o trabalho tem sido muito importante para a rotina de disciplina e no processo de ressocialização. “Toda a qualificação profissional é essencial para que as internas tenham opções para entrar no mercado de trabalho”, pontua. “É uma forma de se reconhecer capazes, de acreditarem numa vida melhor para si e para seus familiares quando retornarem ao convívio social”, ressalta.
Para a custodiada Juliane Cardoso de Jesus, de 34 anos, que atua na oficina desde o início, é uma oportunidade que ajuda a ter mais habilidade e capacitação de trabalho. “Esse serviço foi novo para mim que sempre trabalhei de serviços gerais, ajuda a ter referência de emprego para entrar no mercado de trabalho”, agradece.
Segundo a chefe da Divisão do Trabalho da Agepen, Elaine Cecci, atualmente existem 192 empresas e instituições públicas com convênios formalizados com a agência penitenciária para ocupação da mão de obra prisional, número que vem aumentando com a percepção do empresariado quanto às vantagens sociais e financeiras da parceria.
Além disso, aponta Elaine, o labor prisional tem finalidade educativa e produtiva, que vem representando um dos principais fatores que contribuem para a reinserção social, impactando diretamente na não-reincidência criminal.
“O trabalho, de uma maneira geral, desempenha um papel muito importante no senso de identidade, autoestima e bem-estar psicológico. Nas unidades prisionais, em particular, é por meio da inserção do custodiado no labor que promovemos a pacificação e o senso de disciplina”, finaliza a chefe de Divisão.
Serviço
Os convênios para oferecimento de trabalho a custodiados da Agepen são coordenados pela Diretoria de Assistência Penitenciária, por meio da Divisão de Trabalho. Contatos para mais informações sobre a contratação de mão de prisional podem ser feitos pelo telefone: (67) 3901-1046 ou pelo e-mail: trabalho@agepen.ms.gov.br.
Keila Oliveira – Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen)
Fotos: Divulgação