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10 de dezembro de 2024 - 14:00

Com 80% de taxa de vacinação, MS atinge “imunidade coletiva” da população indígena

Como resultado da vacinação, há 15 dias Mato Grosso do Sul não registra mortes por Covid nas aldeias indígenas; em julho houve quatro óbitos, dos quais, dois de indígenas que se recusaram a tomar a vacina, aponta levantamento da Secretaria Estadual de Saúde

Mato Grosso do Sul já atingiu a chamada “imunidade coletiva” da população indígena frente à pandemia da Covid-19. Até o último dia 31 de julho, de um público vacinável estimado em 46.180 pessoas que residem nas aldeias, 98,16% receberam a primeira dose e 83,16% a segunda, de acordo com dados do painel Vacinômetro-MS, da Secretaria Estadual de Saúde (SES).

Levantamento realizado pela SES aponta que a imunização possibilitou uma queda acentuada no registro de infecções na população indígena e no número de óbitos nas últimas semanas. O estudo comprova que de janeiro a julho deste ano, houve uma queda de 72,11% nos casos e de 43,61% nos óbitos.

“Como resultado da vacinação, há 15 dias estamos sem ocorrência de mortes por Covid nas aldeias indígenas sul-mato-grossenses”, aponta o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende. Segundo ele, no último mês de julho houve quatro óbitos, entre eles dois de indígenas que se recusaram a tomar a vacina.

Equipes percorreram as aldeias para vacinar os indígenas

O levantamento da SES registra que das 83.375 doses da vacina enviadas para a comunidade indígena, 76.507 foram aplicadas nos municípios de Amambai, Anastácio, Antônio João, Aquidauana, Aral Moreira, Bela Vista, Brasilândia, Caarapó, Coronel Sapucaia, Corumbá, Dois Irmãos do Buriti, Douradina, Dourados, Eldorado, Guia Lopes da Laguna, Iguatemi, Japorã, Juti, Laguna Caarapã, Maracaju, Miranda, Naviraí, Nioaque, Paranhos, Ponta Porã, Porto Murtinho, Rio Brilhante, Sete Quedas, Sidrolândia e Tacuru.

Das 30 cidades que abrigam aldeias, apenas Coronel Sapucaia, Anastácio, Nioaque, Porto Murtinho, Maracaju, Douradina, Dourados e Rio Brilhante não atingiram o índice de 80% de indígenas completamente imunizados, ou seja, que já receberam a segunda dose da vacina contra a Covid-19.

Ações

Além da campanha de vacinação, o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Saúde, adotou diversas ações de prevenção e combate à pandemia dentro das aldeias. Uma delas foi a implantação, em parceria com o Distrito Sanitário Indígena (DSEI-MS), do Programa Vigilância Sentinela Indígena.

“Esse projeto possibilitou a ampliação de acesso ao diagnóstico, tratamento e medidas preventivas ao coronavírus como testagem e monitoramento dos resultados, treinamento em coleta de Swab pelas equipes assistenciais dos Polos, fornecimento de medicamentos, testes rápidos, frascos de álcool 70% e demais insumos”, avalia o secretário Geraldo Resende.

O programa também desenvolveu ações como capacitação das equipes de saúde indígena para o manejo da infecção, vigilância e fluxos assistenciais com utilização de ferramentas de Telessaúde e Teleconsultoria nas diversas esferas da assistência e vigilância.

A primeira unidade sentinela iniciou as atividades em maio do ano passado no Polo Base Dourados, cujo trabalho se estendeu em seguida para as comunidades de Amambai, Caarapó, Aquidauana, Paranhos, Tacuru, Japorã, Miranda, Sidrolândia.

A Secretaria Estadual de Saúde também teve forte atuação junto à comunidade indígena de Aquidauana, em parceria com a Prefeitura e o DSEI-MS, após surto de casos e óbitos naquele município em julho do ano passado, com ampliação do atendimento médico e realização de testagem e treinamentos nas aldeias do Distrito de Taunay para auxiliar na identificação de casos suspeitos de Covid-19.

Outra ação que teve grande impacto na conquista dos resultados positivos de vacinação nas aldeias, foi a chamada “busca ativa”. Entre os dias 2 e 18 de julho, a SES cedeu diversos veículos para as equipes de vacinação, que visitaram os indígenas de casa em casa, explicando a importância da imunização e aplicando as doses no próprio local.

Covid entre indígenas

No geral, do início da pandemia até o último dia 31 de julho, Mato Grosso do Sul havia registrado 357.373 casos confirmados de Covid-19 e um total de 8.938 óbitos pela doença. Entre os indígenas os números de casos chegaram a 6.108 confirmações e 147 óbitos.

A indígena Domingas da Silva, de 91 anos, da aldeia Tereré, em Sidrolândia, foi a primeira a ser vacinada conta a Covid no Estado, na abertura da campanha de vacinação em janeiro deste ano (Foto: Chico Ribeiro)

O primeiro caso confirmado de Covid-19 em aldeia indígena do Estado foi comunicado em 13 de maio do ano passado, ocorrido em Dourados. E o primeiro óbito na população indígena em terras homologadas ocorreu também em Dourados, sendo ambos da etnia Guarani-Kaiowá.

Desde o início da campanha de vacinação nas comunidades indígenas sul-mato-grossenses, houve 43 óbitos por Covid-19, sendo, 23 em contexto urbano (53%) e 20 em territórios indígenas (47%). Das mortes, 95% ocorreram mesmo com hospitalização e 5% sem assistência médica.

“O avanço da vacinação na população indígena e população geral do Estado com esquema vacinal completo e que receberam primeira dose, tem como consequência direta na melhoria do quadro pandêmico que agora estamos comemorando”, conclui o secretário Geraldo Resende.

Ricardo Minella/SES
Fotos: Danilo Pagnussati

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