Que os atletas, independente do esporte que praticam, são vitimas de racismos em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, não é novidade para ninguém. A prova disso foi o desabafo da campeã olímpica de Judô, a brasileiríssima Rafaela Silva, na segunda-feira (8). Ela gritou ao mundo que foi atacada pelas redes sociais após eliminação em Londres. “O macaco que tinha que estar na jaula em Londres hoje é campeão olímpico dentro de casa e hoje eu não fui uma vergonha para a minha família”, disse.
Então para tentar inibir esse tipo de situação, não apenas com os atletas, mas com todos os participantes das Olimpiadas Rio 2016, a Secretaria de Promoção de Políticas de Igualdade Racial, ligada ao Ministério da Justiça e Cidadania, vai lançar hoje, a cartilha Por Olimpíadas sem Racismo – Saiba identificar o crime de racismo e como denunciar.
A secretária especial Luislinda Valois destacou em entrevista ao Rio Media Center, na quarta-feira (10), que o racismo é um crime inafiançável e que deve ser denunciado sempre, mesmo quando cometido pela internet. “Engana-se quem se utiliza da internet para iludir a outrem. Não está escondido de maneira nenhuma, é punível do mesmo jeito que aquele cidadão ou cidadã que agride pessoalmente, diretamente”, disse.
O goleiro Aranha, da Ponte Preta, que também sofreu ataques racistas em 2014, durante uma partida contra o Grêmio, no Rio Grande do Sul, disse que o episódio não foi único e os atos de racismo continuam acontecendo. “A diferença é que estava com transmissão nacional, então teve repercussão grande, por isso as pessoas começaram a me ouvir, começaram a me procurar, pessoal da França, de outros lugares. Pra mim estar aqui é motivo de orgulho, porque tudo que eu fiz, colocar minha carreira em risco, não foi em vão. A cada convite desses conheço pessoas maravilhosas.”
A cartilha bilíngue foi impressa no português e no inglês e destaca o espírito olímpico de união e paz, para divulgar informações sobre a tipificação do crime de racismo, a diferença entre racismo e injúria racial, e sobre como identificar a prática e denunciar o crime.
“Desejamos que a Olimpíada seja um momento de praticarmos cada vez mais um olhar sobre as diferenças do outro, como um processo enriquecedor para as nossas vidas, realizando humanamente a proposta dos elos que representam o espírito olímpico: somos homens e mulheres, de todas as cores, de todas as culturas, celebrando a vida!”, diz a publicação.