Reportagem da Educativa 104.7 FM acompanhou debates sobre polêmico projeto que envolve transformação do Hotel Campo Grande em um residencial
O polêmico projeto que prevê a transformação do Hotel Campo Grande em um condomínio de apartamentos popular foi tema de debates na Câmara Municipal da Capital nesta terça-feira (3). A equipe do Bom Dia Campo Grande acompanhou a exposição feita pelo diretor-presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação), Enéas Netto, que visou a explicar a proposta que, se avançar, será custeada com recursos do Retrofit, um programa federal voltado exclusivamente para a reforma de imóveis e sua destinação para programas habitacionais.
Segundo relatou no programa a jornalista Daniela Benante, da Educativa 104.7 FM, Enéas Netto deixou claro que o projeto está em estudo há dois anos, não havendo até aqui nenhuma confirmação de que, de fato, será providenciada a aquisição e reforma do prédio do hotel –localizado na área central de Campo Grande e que, há cerca de 20 anos, tem a maior parte de sua estrutura inutilizada. “O que tem é que o prefeito quer aproveitar um recurso federal carimbado”, afirmou ela.
A polêmica, conforme a jornalista, está na dúvida sobre a aquisição de um imóvel abandonado há muito tempo e que demandará intensas reformas para sua conversão em imóveis populares –estima-se que serão 117 apartamentos, em valores que geram dúvidas: enquanto a Emha estima em R$ 127 mil o custo da unidade habitacional, abatendo-se daí valores como saneamento, pavimentação e drenagem (já existentes na região central), vereadores falam em um custo de R$ 388 mil por apartamento, montante rechaçado por Enéas.
“As pessoas têm de ter onde morar, com qualidade de vida. Ali temos quartos com banheiros. Como será a reforma? Terá qualidade de vida?”, questionou o vereador André Salineiro, um dos críticos à proposta. “Sou a favor do projeto de se criar mais moradias populares, temos um déficit a ser corrigido, levando estrutura e usando vazios urbanos que precisam ser ocupados. Mas fica a preocupação sobre o valor desse projeto: temos aí conjuntos habitacionais com valor em torno de R$ 70 mil por moradia, e uma conta grossa que fizemos da forma como apresentaram diz que cada moradia sairia em torno de R$ 388 mil”.
A conta foi contestada pelo diretor-presidente da Emha, que reforçou a existência de infraestrutura urbana no Centro que baratearia o empreendimento. Ao todo, seriam investidos R$ 36 milhões no projeto, entre desapropriação (R$ 13 milhões) e reformas (R$ 23 milhões)
Já o também vereador Vinicius Siqueira afirmou que os herdeiros do Hotel Campo Grande também teriam dívidas com o município e que, neste caso, poderia ser mais vantajoso executar os débitos e mandar o imóvel para leilão.
“O município poderia executar, pegar o dinheiro do leilão e comprar imóveis populares a R$ 50 mil em locais mais baratos, onde temos terrenos municipais. Mas preferiu comprar um prédio caro, com problemas de encanamento, fiação elétrica e falta de estacionamento e fazer moradia a quase R$ 400 mil”, argumentou o vereador.
Enéas Netto afirmou que a prefeitura levará o projeto até o fim por ele se valer de recursos federais que não podem ser destinados a outro setor, ajudando ainda a reocupar a área central de Campo Grande.
“A política desse programa se pauta por diretrizes de usar vazios urbanos e edificações subutilizadas ou pouco utilizadas. É um sistema inclusivo, novo modelo para a cidade. O estudo para definir o local foi feito por dois anos”, afirmou o diretor-presidente da Emha, segundo destacou a assessoria da Câmara Municipal. “Não foi colocado o custo do terreno, da contrapartida, dos equipamentos comunitários. Estamos desvirtuando o que pode ser feito de forma benéfica, de mudança de cultura”, prosseguiu, rebatendo argumentos sobre as despesas com o projeto.
Sintonize – Com produção de Rose Rodrigues e Alisson Ishy e apresentação de Maristela Cantadori e Anderson Barão, o Bom Dia Campo Grande permite a você começar o seu dia sempre bem informado, por meio de um noticiário completo, blocos temáticos e entrevistas sobre assuntos variados. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30, na Educativa 104.7 FM e pelo Portal da Educativa. Os ouvintes podem participar enviando perguntas, sugestões e comentários pelo WhatsApp (67) 99333-1047 ou pelo e-mail reporter104fm@gmail.com.