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12 de dezembro de 2024 - 11:05

Assista a homenagem do Show da Terra ao maestro “brasiguaio” Juninho Fonseca

Depois da comoção pela despedida tão precoce, os amigos deixaram seus depoimentos sobre o mestre da música guarani.

Fronteiriço de Ponta Porã e um dos músicos mais virtuosos no universo musical paraguaio, apaixonado pela cultura guarani, o maestro Juninho Fonseca teve uma grande carreira e, embora tenha falecido precocemente, vítima de acidente de trânsito, deixou um legado para a eternidade. O reconhecimento ao músico que adotou a cultura guarani como inspiração à sua capacidade criadora e como exímio instrumentista valeu uma homenagem das diversas vozes do coral que por um bom tempo foi seu regente e de amigos no programa especial do Show da Terra, transmitido no último domingo e que nesta terça-feira (10/12) volta à tela da TVE Cultura MS, às 19h15, para deleite do seu imenso público.

Amigos de Juninho Fonseca em apresentação no programa especial do Show da Terra em homenagem ao maestro

Seus amigos Gerardo Ortiz, Irwing Ferreira, Fábio Kaida e Lucas da dupla Lucas & Evandro prestaram homenagem ao músico e maestro Juninho Fonseca interpretando as músicas que ele mais gostavam ao lado de Elenir Escobar e Iraci Guedes, representantes do Coral Guarani

   Show da Terra selecionou as músicas que foram cantadas junto com o Trio Guarani: ele, Irwing Ferreira e Fábio Kaida, com o Coral Guarani, do consulado Paraguaio de Campo Grande. É o reencontro dos amigos que tiveram com o maestro um produtivo convívio fraternal e artístico,

Juninho Fonseca foi batizado Mário Fonseca Júnior, nascido em 15 de dezembro de 1978 em Ponta Porã, dividindo sua infância e adolescência em terras paraguaias e na fronteiriça Amambai. Ele não apenas moldou seu estilo musical a partir dos referenciais históricos da cultura guarani, tão presente naquela porção sul de Mato Grosso do Sul, como também assumiu para si o compromisso de defender e difundir esta cultura tributária de profundas conexões históricas que remetem ao período da colonização hispânico-portuguesa.

De uma forma geral, Juninho Fonseca trabalhou para difundir as variantes rítmicas que definem a expressão musical de indígenas e não indígenas do Paraguai e do Cone Sul de MS. Isso não significa, entretanto, que o músico tivesse repertório restrito, interessava-lhe outros gêneros, por isso se dedicou à Bossa Nova, à MPB, ao Blues, ao choro e aos ritmos latino-americanos em geral. O artista também se destacava pelas suas atuações como cantor, com apresentações em português, espanhol e na língua guarani. Foi uma curta, porém intensa carreira de 28 anos de música.

Seu instrumento de formação foi o violão, mas ainda na juventude, interessou-se em estudar os usos do violino na música fronteiriça. Em suas afirmações ele havia notado que as “informações históricas, contrariando a lógica do uso eminentemente “erudito” desse instrumento, informavam a utilização bastante comum da ‘rabeca” (um instrumento de arco, precursor do violino) na execução de chamamés, polcas e guarânias naquela região. Daí seu interesse em recuperar essa expressão histórica já quase esquecida.

Zé Trovão, apresentador, e Sandra Freitas, diretora de produção do programa Show da Terra no Especial de amigos do maestro em tributo à memória do músico “brasiguaio”
Foto histórica da apresentação do maestro Juninho Fonseca (esq) e o Coral Guarani no Show da Terra

A inserção do violino em suas apresentações foi pautada no respeito pelo modo bastante peculiar de execução da “rabeca” pelos antigos músicos de sua terra, que tinha como marca distintiva o autodidatismo. Trata-se, assim, de uma apropriação popular de um instrumento muito identificado com a música clássica, ou seja, Juninho Fonseca fez mais do que “tocar” uma polca, um chamamé ou uma guarânia com o violino”, ele usou esse instrumento para revisitar de uma maneira específica de execução que não obedece aos regramentos acadêmicos e clássicos.”

Deve-se destacar que o músico teve sua faceta de mestre, pois além de aprender a tocar, ele se especializou em ensinar, resultando em uma experiência musical enriquecedora, agregando ao seu currículo a função de coordenador do curso de Música da Escola de Governo do Estado e maestro do Coral Municipal de Terenos. Dedicou-se a um projeto no qual foi professor de música e regente do Coral Guarani, do Consulado Paraguaio de Campo Grande. Fez apresentações no Brasil e no exterior, levando consigo as influências da boa e vibrante música paraguaia e fronteiriça de Mato Grosso do Sul.

A DESPEDIDA

Juninho Fonseca com Annie Caroline, filha de Felipe Gregório Queiroz. Foto: Juliano Almeida

“Juninho Fonseca deixa um legado na cultura guarani em nosso Estado. Foi um dos grandes representantes da música paraguaia, pois respirava música guarani, embora tocasse todos os ritmos”, declarou Irwing Ferreira, músico e cantor.

“Um excelente músico, suas qualidades eram inúmeras. Tocava violão e cantava como ninguém.  Para ele  não existia tempo ruim. Um companheiro que deixou saudades e eternamente será lembrado por todos nós que participamos de várias apresentações juntos. Deixou boas lembranças nos nossos corações! – comentou o músico e harpista Gerardo Ortiz.

“Muitas lembranças, jamais vou esquecer do seu jeito de ser, uma pessoa feliz… E também como ele sempre dizia: A vida é curta, perde quem não aproveita. Ele sempre aconselhava: ame sua mulher, filhos, cada momento. E também a música, principalmente o chamamé, polcas… Assim ele era feliz com amigos parceiros da música…”, disse Lucas da dupla Lucas & Evandro.

Felipe Gregório Queiroz foi um dos que mais sentiu a partida do amigo, tanto pela amizade que nutria pelo artista, quanto pela sensibilidade de Juninho e o carinho especial que ele manifestada por sua filha:

“Falar de Mário Fonseca Júnior (Juninho Fonseca), para mim é uma alegria imensa e também um desafio. Conheci o Juninho no início do Coral Guarani no Consulado Paraguaio aqui em Campo Grande, quando foi realizada a primeira reunião para a formação do grupo. Eu não tinha ideia nem a dimensão de que estava diante de uma grande pessoa, mesmo ele sendo de uma estatura tão franzino e, na época cabeludo e de barba. Falar do ser humano Mário Fonseca Junior, mesmo neste pouco tempo de convivência com ele (3 anos) aprendi a admirar o quanto ele se preocupava com os seus, e nós do coral éramos chamados por ele de seus. Como amigo, consegui fazer uma bonita e sincera amizade, que perpassava o coral, pois como pai de uma pessoa muito, mas muito especial, ele a adotou como uma filha, a amava e esse amor era recíproco da parte dela, pois ela o chamava de ‘meu amigo Juninho’. Essa filha é portadora da Síndrome de Down e o nome dela é Annie Caroline, a quem Juninho chamava de Aninha, que hoje sofre muito com a perda do amigo. O músico Mário Fonseca que conheci, me deixou muito surpreso, pois tinha uma capacidade interpretativa muito própria e espetacular”.

“Eclético, viajava tranquilamente por todos os ritmos da música, desde o erudito ao Gospel. Ficaram surpresos quando falei do Gospel? Sim ele tocava e cantávamos hinos e músicas evangélicas dentre eles uma que muito nós tocávamos, o hino Sossegai. Dominava o violão e outros instrumentos, pois era multi-instrumentista. Para mim era o músico brasileiro mais paraguaio que já conheci. Amava e conhecia muito da música paraguaia, mais até do que muitos músicos paraguaios. Como cidadão era defensor ferrenho das suas convicções políticas. Mas muito respeitador das convicções dos outros. Questionador e de “pavio curto”, como se diz na linguagem popular, mas ele era assim e muitos gostavam e outros não. O legado que deixou para o Coral Guarani e por consequência para mim é o de não esmorecer jamais , mesmo nas dificuldades que se apresentam nas nossas vidas. Pois ele criou o Coral Guarani, com pessoas que nunca na vida tinham cantado ou participado de um coral e hoje está o Coral Guarani para toda sociedade sul-mato-grossensse e por quê não o mundo conhecer?

“A Mário Fonseca Júnior, minha eterna gratidão e respeito e dedico-lhe estas palavras que estão em TI 4:7 “Combateu o bom combate, completou a carreira, guardou a fé”

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