Após o comunicado da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) na tarde de quinta-feira (15) sobre a suspensão do ingresso de alunos pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada) no primeiro semestre de 2021, acadêmicos, professores, técnicos e estudantes que se preparam para o Enem se manifestaram nas redes sociais desaprovando a decisão. Um tuitaço foi realizado na manhã de hoje com a hashtag #FicaSISUnaUFMS, reunindo centenas de protestos e manifestações sobre a situação.
Segundo o professor Alexandre Vasconcelos, da Faeng (Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia), representante da ADUFMS no COUN, a resolução representa o fim da oportunidade de ingresso na universidade para milhares de alunos que não teriam acesso ao ensino superior de outra maneira. Ele conta que os professores receberam centenas de emails nos últimos dias, vindos de vestibulandos que se prepararam o ano todo, desesperados, pedindo a volta do SISU ao processo de ingresso. “Foi uma decisão unilateral, a UFMS mais uma vez não ouve a sociedade e nega o seu papel de servir à comunidade” alertou.
A sugestão de Vasconcelos é a suspensão total do vestibular no primeiro semestre, mantendo o ingresso de novos estudantes apenas no segundo semestre, incluindo o SISU, tornando assim o sistema de ingresso mais justo, acessível e includente, porém a proposta foi negada.
A acadêmica Agnes Viana, representante dos alunos de graduação no COUN lembrou aos conselheiros que ela própria entrou pelo SISU, mas que ali falava também pelos estudantes que estavam se preparando, querendo entrar na universidade e “realizar seus sonhos”: “Nesse momento temos centenas de estudantes de escolas públicas nos assistindo ansiosos por uma decisão. Eu acompanhei relatos nesses últimos dias de estudantes desesperados com essa situação, pois nós não estamos falando apenas de números aqui, mas de vidas”, lembrou.
Viana apresentou o posicionamento do DCE contrário a qualquer movimento de retirada do SISU enfatizando que essa modalidade de entrada é um instrumento que democratizou a entrada na universidade. E apresentou a reivindicação de que “a universidade apresente isenção da inscrição do vestibular levando em consideração o perfil socioeconômico dos alunos das escolas públicas, os mais prejudicados pela pandemia.”
Já para o técnico e representante do SISTA (SIndicato dos Trabalhadores em Educação da UFMS) Nivalci de Oliveira, a retirada do SISU vai impedir a entrada na universidade pública justamente das classes que mais precisam. “Os estudantes da periferia, que não tem o dinheiro pra vir até Campo Grande realizar as provas serão os principais excluídos.”, diz.
Durante a reunião do Conselho, a administração insistiu que não há possibilidade de ofertar vagas pelo SISU no segundo semestre, argumento que segundo o presidente da Adufms, Marco Aurélio Stefanes é incoerente, já que apenas três cursos são oferecidos no meio do ano e seria possível ajustar os cronogramas e ter o menor impacto aos estudantes e também para a sociedade no pós-pandemia.